Em pouco mais de um ano, depois de estar sendo muito feliz com as premiações que a encenação de “Dias Difíceis...” vinha tendo nos Festivais de Teatro que participava, tive a oportunidade de ver o mesmo texto montado, mas completamente diferente.
Como havia dito antes, Antônio de Andrade tinha gostado muito do texto e logo adquiriu os direitos para encená-lo em São Paulo. Eu fiquei fascinado com a possibilidade de ver meu texto em cartaz na cidade, em temporada regular e tudo mais... A empolgação era tanta que nem discutimos como ele pretendia montá-lo.
De certa forma, esse distanciamento que tive da montagem paulistana, possibilitou com que eu ficasse surpreendido ao assistir a estréia. “Dias Difíceis...” partia de uma proposta realista, mais ou menos no estilo das minhas demais peças, mas “O Trambique...” transformou a peça num grande momento clown. Completamente diferente de qualquer coisa que eu havia pensado um dia.
Essa linguagem possibilitou que a personagem Olívia, interpretada pela atriz Claudia Mello (hoje nacionalmente conhecida por suas participações em novelas e no seriado “A Diarista”), ganhasse uma dimensão até antes impensada por mim.
O personagem interpretado por Antônio de Andrade tornou-se mais contido, em alguns aspectos, servia como escada para Claudia fazer o público rir. Também não posso deixar de ressaltar a qualidade do trabalho de Ary Guimarães. Interpretando Messias – que eu havia feito por algum tempo em “Dias Difíceis...” – ele dava tanta credibilidade à fé do personagem que tive certeza de que ele havia ampliado as possibilidades do texto.
Antônio de Andrade tornou-se um grande amigo meu, um padrinho querido. Mas, por uma infelicidade, faleceu há dois anos... Mas foi o primeiro a acreditar em um texto meu a ponto de assumir a produção, interpretar um personagem e expor-me no cenário teatral paulistano. Depois de “O Trambique...” tive certeza de que outros diretores montando meus textos ampliariam suas possibilidades... De fato, assim transcorreu.
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