Assim que fiquei sabendo que teria meu texto de “Dias Difíceis...” publicado pela Editora Literarte, pensei em quem poderia falar sobre meu trabalho, apresentar-me. É complicado pedir para um amigo escrever sobre você, nunca se sabe até que ponto há o comprometimento de suas palavras.
Pensando nisso, tive a idéia de convidar para fazer o prefácio de meu livro uma das pessoas que possibilitaram com que ele fosse contemplado com o prêmio de melhor texto no Festival de Teatro de Jundiaí.
Admirava muito o trabalho de Moisés Miastkwosky, mas não sabia se ele aceitaria fazer o prefácio. No entanto, deixei de lado o receio e fui procurá-lo. Sua recepção foi melhor do que eu poderia esperar. Ele comprometeu-se a fazê-lo prontamente.
Na época havia dado um determinado prazo para que ele me enviasse o texto do prefácio, mas o editor, devido a problemas técnicos, adiantou a publicação e, quando o Moisés enviou o texto, não foi possível incluí-lo naquela edição.
Fiquei muito chateado com a não publicação do prefácio do Moisés, primeiramente porque ele havia cumprido com o prazo e, segundo, porque tinha escrito palavras sobre mim que poucas pessoas proferiram. Talvez, daquela maneira, só ele até então.
Mas seu prefácio acabou se transformando numa matéria do Jornal da Cidade (Jundiaí/SP) e foi publicado por ocasião do lançamento do livro, em 1º de maio de 1994. Ainda hoje guardo o original de seu prefácio e o considero a melhor crítica que tive de meu trabalho. E um voto de confiança que poucas pessoas nos dão.
Como esse prefácio não constou no livro, a partir de hoje estará disponível para todos saberem o quão gentil foi esse grande diretor e amigo que tive a oportunidade de encontrar na vida.
Obrigado Moisés!
Um Jovem Dramaturgo
Por Moisés B. Miastkwosky*
Tive a oportunidade de conhecer Renatho Costa em um Festival de Teatro promovido pelo Departamento de Cultura da cidade de Jundiaí, quando fiz parte da comissão julgadora e teci elogios sobre as suas peças: “DIAS DIFÍCEIS DENTRO DA DOR DO DESENCONTRO” e “AVENIDA IPIRANGA, 1972” e depois em outro Festival de Teatro, em São Paulo, no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), quando o seu grupo apresentou um intrigante monólogo intitulado “THE BEST CONTRA O HOMEM DA CABINE”.
Foi nesse dia que Renatho, com seu jeito tímido e amigo, chegou até mim e perguntou se eu faria o prefácio de um livro de peças de sua autoria, prêmio que ele ganhou de um editor da cidade, respondi que sim e que seria uma honra.
Nesses anos todos que eu participo como jurado de festivais e ministrando cursos e oficinas por estes “Brasis”, e mesmo quando coordenava os Festivais de Teatro pela Secretaria de Cultura do Estado, era raro encontrar, e posso afirmar sem medo de errar, alguém tão jovem que escrevesse com tanta segurança, inteligência e astúcia.
É óbvio que Renatho ainda sofre influências de autores renomados, mas isso em momento algum desmerece o artista nato que é, e eu poder escrever algo sobre ele é de grande importância, porque é um autor que está despontando com garra, talento e vontade de acertar, e é minha função apoiar e incentivar aqueles que lutam pelas Artes.
Creio que em breve os diretores e grupos irão descobrir o teatro de Renatho Costa. Esse jovem autor supera a si mesmo, se transpõe em suas obras, coloca em cena a solidão como se extraísse de seu próprio sofrimento, da sua própria dor, consegue passar sua arte com facilidade e a platéia torna-se sua cúmplice, reflete e analisa suas denúncias e buscas.
Quem assiste às suas peças sente de imediato a preocupação desse jovem autor com o ser humano, com os Direitos do Homem, suas contradições e fraquezas.
Suas obras são ferramentas de denúncias e externam paixões e aspirações; muitos tentam mudar o mundo, Renatho optou por mudá-lo através do Teatro. Ama o que faz e só poderá ter sucesso nessa empreitada.
Parabéns Renatho, vá em frente que a estrada é longa e cansativa, quero ver você em breve como um dos maiores Dramaturgos do Teatro Nacional.
São Paulo, 20 de janeiro de 1994
* Diretor de Teatro há mais de 36 anos, encenou mais de 100 espetáculos e estagiou Teatro em importantes centros de Arte da Europa e Estados Unidos.
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