“Av. Ipiranga, 1972”, além de ter sido uma escola para meu aprimoramento dramatúrgico, porque tive que escrever um texto por encomenda e respeitar algumas especificidades impostas, ensinou-me como trabalhar com atores e como explorar suas possibilidades. Não quero dizer, com isso, que meu trabalho de diretor tenha sido tão bom, mas aprendi a conhecer melhor os atores para escrever para eles, usar a fala exata que caiba na boca deles.
E fiz grandes amigos... alguns ficaram para sempre e hoje ainda trabalham no meio artístico, outros mudaram de ramo mas continuam próximos. Pensar em “Av. Ipiranga, 1972” é lembrar de tempos românticos e guiados pelo idealismo, lembrar de atuações como a de Felipe Nonato – um garçom que ficava em silêncio a peça inteira, mas num determinado momento fazia um monólogo que deixava o público encantado, sem saber o que era aquilo e se era verdadeiro –, Claudinei Brandão – um guerrilheiro que vivia apavorado, trancado na boate e com receio de que fosse preso pelos militares –, Elaine Braga – um empregada impagável, no melhor estilo do gênero –, Fernanda Regia e Lívia Brigoni – uma dupla de mãe e filha que, com seus golpes constantes contra a dona da boate, abavam as platéias –, Vanderlei Ienne – fazendo um personagem silencioso, tímido, mas hilário –, Isabel Cristina – o toque musical do espetáculo, nunca sonhar com a participação em “Hair” foi tão fiel quanto em sua interpretação –, dentre outros que sempre encontravam espaço para brilhar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário