segunda-feira, outubro 23, 2006

DIAS DIFÍCEIS DENTRO DA DOR DO DESENCONTRO


Em 1991 assistia à montagem da peça "Esperando Godot", de Samuel Beckett, com Denise Fraga e Rogério Cardoso. Foi uma sessão alternativa, não me lembro se numa segunda ou terça-feira, mas o fato é que havia pouca gente na platéia... Essas poucas pessoas, como eu, tiveram a oportunidade de assistir a um espetáculo impossível de adjetivar. A peça tem apenas dois atos, mas creio que se tivesse dez, talvez vinte, ainda assim seria possível assisti-la. Principalmente se considerarmos as interpretações de Denise e Rogério. Ela, a Denise, também estava em cartaz com outro espetáculo em horário convencional, "Trair e coçar é só começar", mas sobre esse não tenho muito a falar...
"Esperando Godot" mexeu demais comigo... não conseguia deixar de pensar como uma história tão simples como aquela tinha a capacidade de gerar tantos questionamentos e angústias... Fiquei vários dias envolvido com a montagem... até que decidi que iria escrever uma peça daquele gênero: "Teatro do Absurdo"!
Ainda envolvido com o universo de Beckett, escrevi "Dias Difíceis Dentro Da Dor Do Desencontro"... primeiro criei o nome da peça e fiz seu logotipo, depois nasceram os personagens Ismênio e Olívia e... assim, não tive mais controle sobre suas vidas... nascia a história da amizade entre duas pessoas que transcorria "uma vida". Dois trambiqueiros que chegaram a um momento de suas vidas que precisavam repassá-la... Param no meio de nada e falam sobre coisas "pequenas", mas que têm grande significado.
A peça estreou no Festival de Teatro da Cidade de São Paulo (FEPAMA), no Teatro Alfredo Mesquita e, dali, fez carreira por vários outros festivais do Brasil. Tive a grande felicidade de ganhar alguns prêmios pelo texto e os atores também foram premiados.
Numa das apresentações pelo interior de São Paulo conheci Antônio de Andrade. Ele ficou encantado com o texto e fez sua própria montagem no ano seguinte (1993) no TBC (São Paulo). Nessa temporada a peça se chamou "O Trambique Nosso De Cada Dia", Com Antônio de Andrade e Claudia Melo... Mas sobre isso falarei depois... Mesmo sobre "Dias Difíceis...", lembro-me de passagens interessantes que gostaria de compartilhar... Mas, por ora, queria que soubessem como começou minha carreira de autor teatral!

Um comentário:

Grupo de Teatro Arte, Fato e Quinquilharias disse...

Olá Renatho,
faço parte de um grupo de teatro de São Paulo, nós estamos começando as nossas atividades e dentro desse começo nos deparamos com a busca por texto. O grupo é formado por três atores (dois homens e uma mulher). Dentro dessa busca por texto, lemos muitos textos, conhecemos o universo (um pouco) de vários autores que ainda não conheciamos. Ainda nessa busca nos deparamos com "Dias difíceis..." . Primeiro quero parabenizá-lo pelo texto, me encantou as possibilidades que ele dá para o ator e me encantou a simplicidade e o quanto essa simplicidade conseguiu carregar em si tanta emoção. Segundo coisa, já falei sobre a nossa busca por um texto e quero dizer que levarei mto honrado esse texto como minha sugestão para leitura e torço para que todos se encantem com ele e que possamos mais à frente conversar sobre uma possível montagem.

Abraços

Rafael Castro

e-mail: rafaelcastro.tt@hotmail.com